OS ADVÉRBIOS TERMINADOS EM -mente COMO MODALIZADORES NA JUSTIFICATIVA DA PEC 287/2016
Abstract
Este artigo tem por objetivo investigar o uso dos advérbios terminados em -mente como modalizadores dada a incidência e o poder persuasivo desse elemento linguístico na justificativa da proposta da Reforma Previdenciária (PEC287), endereçada ao Presidente da República Michel Temer e elaborada por Henrique de Campo Meirelles, em 2016, quando exercia o cargo de Ministro da Fazenda. A luz da perspectiva funcionalista, sobretudo das contribuições de Castilho (2000), Neves (2000) e Bagno (2012), analisou-se o comportamento semântico dos 37 advérbios inventariados a fim de demonstrar que, muito além do que preveem algumas gramáticas tradicionais, o advérbio não é apenas um termo invariável que modifica algumas classes de palavras (verbo, adjetivo e advérbio), mas pode funcionar como modalizador do conteúdo de uma asserção, aplicando-se às sentenças e aos discursos. A escolha do texto se justifica pela relevância que uma provável reforma previdenciária traria à sociedade. Tal questão tem sido uma polêmica constante no cenário brasileiro e isso fomenta diversas discussões entre defensores e opositores da proposta. Assim, para convencer os congressistas sobre a importância da reforma, os mecanismos persuasivos por Meirelles foram importantíssimos em seu texto. No corpus, predominaram os advérbios em -mente como modalizadores epistêmicos/asseverativos, por expressarem o valor das sentenças como uma afirmação ou uma negação não suscetíveis às dúvidas.