DO CORAÇÃO À PENCA DA BANANA: considerações sobre o léxico brasileiro a partir de dados do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB)
Palavras-chave:
ALiB ALiB Nordeste Sul variantes lexicais para pencaResumo
Este trabalho apresenta resultados de estudos dialetológicos desenvolvidos no interior das regiões Nordeste (Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia e Ceará) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) brasileiras por meio do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Inventariou-se as denominações para çada parte que se corta do cacho da bananeira para pôr para madurar/amadurecer", correspondente à pergunta 42 do questionário semântico lexical (QSL). As análises do corpus foram pautadas nas contribuições da Dialetologia e da Geolinguística, além da consulta de diferentes obras lexicográficas, que colaboraram, especialmente para a validação das respostas dadas pelos informantes. 57 (cinquenta e sete) localidades do interior nordestino, a variante penca é a mais produtiva na Bahia (74,4%), no Ceará (72,09%), no Rio Grande do Norte (61,1%) e no Sergipe (60%), comportamento que não se repete em Alagoas (15,38%), em que palma é predominante (61,53%). Já na região Sul, penca prevaleceu no Paraná (89,23%) e em Santa Catarina (79,48%) e foi a segunda forma mais mencionada no Rio Grande do Sul (41,93%), estado federativo em que cacho (48,38%) foi mais recorrente. De modo geral, os dados apontam para uma variação lexical decorrente de processo metonímico e por analogia entre os referentes conhecidos pelos informantes, ratificando resultados de outros trabalhos desenvolvidos a partir dos dados do ALiB.
Referências
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