AQUI OU ACOLÁ: USO DA UNIDADE LEXICAL MACAXEIRA NO SUL DO MATO GROSSO DO SUL
Resumo
Na contemporaneidade, a compreensão dos processos migratórios tem sido de grande relevância para a discussão da variação linguística. Por esse entendimento, este trabalho tem como objetivo precípuo descrever uma parcela de dados obtidos no âmbito de um projeto mais amplo sobre o português falado por nordestinos e por seus descendentes em situação de contato no sul do Mato Grosso do Sul. Neste estudo foram analisadas as respostas obtidas para a pergunta 003 vinculada à área semântica da alimentação, do Questionário Semântico-Lexical (QSL/003) utilizado para a pesquisa: aquela raiz branca por dentro, coberta com uma casca marrom, que se cozinha para comer? Os dados foram coletados em dois distritos e em três municípios do estado do Mato Grosso do Sul, situados na faixa territorial da extinta Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), totalizando cinco pontos: distritos de Vila Vargas e Vila São Pedro; município de Fátima do Sul, de Jateí e de Glória de Dourados. Os princípios teórico-metodológicos foram buscados à luz da Geolinguística Pluridimensional e Relacional (RADTKE, THUN, 1996), considerando, para o nível lexical, as dimensões diatópica, diastrática e diageracional. No conjunto geral dos dados, os informantes mencionaram, por meio da técnica de pergunta em três tempos (pergunta, insiste e sugere), três denominações para o conceito contemplado: mandioca, macaxeira e aipim. Os resultados revelaram a manutenção das variantes macaxeira e aipim (variedades de uso comum no Nordeste) na fala dos jovens em todas as localidades selecionadas para a pesquisa, independentemente do nível escolar. Enfim, a comparação dos dados fornecidos por informantes nordestinos e pelos descendentes contribuem para o entendimento dos usos dialetais dos grupos com maior mobilidade espacial.