FORMAÇÃO EM FUGA: DIÁLOGOS E POSSIBILIDADES A PARTIR DE JEAN-LUC GODARD
Resumo
Este texto tem como base a pesquisa desenvolvida para o Trabalho de Conclusão de Curso, elaborada no contexto das atividades e estudos articulados pelo Grupo de Pesquisa Linguagens Geográficas (GPLG), cuja intenção é a experimentação de outros sentidos dos conceitos estruturadores da linguagem científica da geografia no encontro com as linguagens artísticas, nesse caso a cinematográfica. Nosso objetivo neste trabalho é abordar e discutir o filme “O Demônio das Onze Horas” em sua extensiva intensidade enquanto produção de sentido do espaço vivenciado e percebido e não como representação e ilustração dos conceitos da linguagem geográfica, mas explorando as afinidades entre conhecimento e a experimentação artística nos contextos efervescentes da educação. Jean-Luc Godard (1932) produziu mais de sessenta trabalhos, entre filmes, séries e documentários, e a força de sua obra e sua leitura de existência nos instiga a pensar a partir de suas películas sobre o que somos, sobre como nós formamos e nos conformamos aos valores estéticos e éticos desse mundo que tenta nos limitar, sobre uma Geografia a ser rompida e a ser criada. A partir do filme escolhido, é possível incitar outras possibilidades de leituras da vida ofegante no encontro com a arte, a literatura, a música, cujo adventício sonoro-imagético nos coteja pela força irreverente e problematizadora de seu cinema, deslocando os mecanismos de percepção das informações, alterando os processos e criando linhas múltiplas e multidimensionais de saberes – outros meios de se pensar o ensino e aprendizagem, de ser professor. A estética fílmica de Godard é uma força pedagógica, uma pedagogia outra, que não visa atender ao padrão de sensibilidade e pensamento do mundo, forçando os alunos e professores a reproduzir e se adequar a tal maneira dita “correta”, mas instigar a crítica, a desconstrução e ao inusitado. Uma pedagogia em criação no encontro com o cinema.