A MORTE COMO ENCANTAMENTO: RESULTADOS PARCIAIS DA ANÁLISE SEMIÓTICA DE PRIMEIRAS ESTÓRIAS, DE GUIMARÃES ROSA
Resumo
Neste trabalho, apresentam-se resultados parciais de pesquisa À Luz do Encantamento: Morte e Finitude em Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, a qual contempla cinco contos, a saber: Fatalidade, Nada e Nossa condição, Um Moço Muito Branco, Benfazeja e A Menina de Lá, este último, parcialmente analisado aqui. Adotando, mais especificamente, o ponto de vista da tensividade, com base nas proposições de Jacques Fontanille e Claude Zilberberg (2001), observam-se as figuras responsáveis por sustentar a temática em torno do fim da existência humana, identificando como elas afetam os atores das narrativas rosianas. Entre as motivações deste trabalho, encontram-se a célebre frase “O mundo é mágico. As pessoas não morrem, elas ficam encantadas’’, pronunciada por Guimarães Rosa em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, em 1967, e, sobretudo, a verificação que, de fato, em diversas narrativas do referido volume de narrativas, a morte, considerada um momento limítrofe para a existência humana, se apresenta sob a forma de uma espécie de encantamento. Assim, pretende-se entender como é construído, por meio de isotopias figurativas, esse encantamento na passagem da vida para a ‘morte’ ao longo das histórias. Os procedimentos metodológicos dizem respeito à observação do corpus e ao levantamento dos pontos centrais das narrativas, a fim de efetuar uma análise linguístico-discursiva, considerando-se a perspectiva tensiva da semiótica discursiva, para, então, compreender como o tema da morte/finitude humana recebe o revestimento figurativo que aponta para a concepção de encantamento.
Palavras-chave: semiótica discursiva. Tensividade. texto literário.