TUDO O QUE A CANÇÃO PODIA SER: UMA ESCUTA PARA LER, OUTRA LEITURA PARA ESCUTAR
Abstract
No artigo “Nada ficou como antes”, de Ivan Vilela, nos são apresentadas 12 inovações ou novidades no fazer cancional brasileiro por parte do movimento denominado Clube da Esquina em relação aos movimentos predecessores, tais como a Bossa Nova, o Tropicalismo, etc. Apesar do grande reconhecimento internacional da musicalidade singular de cada um de seus integrantes (Milton Nascimento, Toninho Horta, Tavinho Moura e muitos outros) e de sintetizar, no disco Clube da Esquina I, os procedimentos de criação cancional dos movimentos precedentes, tais novidades e inovações até então não haviam sido creditadas a eles. Dentre todas estas inovações, interessa-nos principalmente uma que se relaciona e se integra diretamente com os demais procedimentos e diz respeito ao que aqui chamaremos de narratividade. É a partir dos anos 80 que o mundo acadêmico se dedica, pela primeira vez, a desenvolver uma metodologia para abordar aquela que é uma importante (quiçá a maior) expressão da nossa cultura: a canção popular. Os estudos de Luiz Tatit em torno daquilo que ele próprio denomina semiótica da canção inauguram uma busca por uma metodologia baseada na relação entre letra/melodia ou ainda na composição a partir da prosódia da fala. Desde então, outros autores, numa mesma busca metodológica, passaram a observar e a enfatizar outras materialidades, tais como a voz, a performance, o arranjo, a não expansão, etc. A proposta deste trabalho é observar como a configuração singular do disco Clube da Esquina I acaba por exigir destas metodologias uma redefinição de seu objeto e seus limites.
PALAVRAS-CHAVE: Clube da Esquina; Canção Popular Brasileira; Crítica; Limites; Literatura.