DOCES PODERES: A ÉTICA JORNALÍSTICA NO CINEMA
Abstract
Com direção de Lúcia Murat, Doces Poderes (1997) acompanha a trajetória da jornalista Bia Campos Jordão, interpretada pela atriz Marisa Orth, que aceita o cargo de diretora da sucursal de uma importante emissora de TV, em Brasília, durante o período eleitoral. A filial assumida por Bia está praticamente vazia: vários profissionais, incluindo o diretor anterior, se retiraram da emissora para trabalhar em campanhas políticas por todo o Brasil. A jornalista tem a sua frente o desafio de coordenar o setor jornalístico da emissora, buscando equilibrar o conteúdo levado ao ar, pressões organizacionais e convicções pessoais. Lúcia Murat, que também ocupa o cargo de roteirista do filme, estabelece uma clara analogia com a disputa eleitoral para a Presidência da República de 1989: é fácil identificar em Ronaldo Cavalcanti (vivido por José de Abreu) o vencedor daquele pleito, Fernando Collor de Mello e em Luizinho Vargas (interpretado por Luís Antônio Pilar), seu concorrente Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornaria presidente do Brasil em 2003. Doces Poderes faz referência a um evento específico: a edição do debate entre Collor e Lula no 2º turno das eleições, levada ao ar pelo Jornal Nacional, com os melhores momentos de Collor e as piores respostas de Lula, um dos episódios mais famosos daquela disputa eleitoral. Os acontecimentos de 1989 pautaram o desenvolvimento de Doces Poderes e este artigo pretende analisar, a partir das teorias do jornalismo e dos códigos de ética da profissão, a representação da prática jornalística e dos dilemas da profissão no longa-metragem.
Palavras-chave: Cinema. Doces Poderes. Ética. Jornalismo. Lucia Murat.
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