LUTA SECA EM TERRA E CINZAS
Abstract
O presente trabalho busca analisar o conto Terra e Cinzas, do escritor e cineasta afegão, Atiq Rahimi, como se deu a recepção desta obra e os estudos realizados sobre a mesma no Brasil. O conto, que possui uma narrativa quase poética, traz como pano de fundo a ação do exército soviético em uma aldeia no Afeganistão e também aborda a jornada traçada por um avô e um neto que são sobreviventes de um atentado que dizima a aldeia em que viviam. O aguardar de uma carona que os levará para a mina onde trabalha o filho do avô e também pai do garoto e a triste missão de comunicar-lhe que todo o resto de família morrera. Entretanto, em um ato de piedade, nada diz, emudecendo-se diante de tamanha tristeza a fim de poupar o filho dessas novas dores. O foco narrativo da obra, em segunda pessoa, nos remete a autoconsciência da personagem, que escapa da realidade silenciosa na qual está inserida por meio do diálogo consigo próprio e com isso, a consciência do outro é conhecida pela consciência de si mesmo do narrador personagem, concretizando, assim, as ideias de consciência e autoconsciência propostas por Bakhtin (2015). A obra, escrita na língua nativa do autor, traz uma representatividade a grupos silenciados como os sobreviventes de guerras proporcionando uma maior legitimidade e autenticidade a obra. A narrativa seca, direta e fragmentada é concretizada visualmente nos espaços vazios entre os parágrafos, na ausência de diálogo e na falta de divisão em capítulos, recriando dessa forma, o mesmo silêncio sentido e vivido pelas personagens e absorvido pelos leitores.
Palavras-chaves: Atiq Rahimi. Terra e Cinzas. Autoconsciência. Espaços Vazios.
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