ESBOÇO DA EMANCIPAÇÃO FEMININA: A MULHER RETRATADA NA OBRA A VIÚVA SIMÕES

Resumo

Nossa proposta de trabalho contempla a escritora carioca Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) e sua obra A viúva Simões, cuja primeira edição foi publicada em forma de folhetim, em 1895; de forma romanesca em 1897 e reeditada apenas em 1999. Dona Júlia, como era conhecida na virada do século XIX para o século XX, muito contribuiu com a literatura e o ambiente cultural de sua época, entretanto, ainda é uma autora que merece ser mais prestigiada pela crítica acadêmica. Se hoje temos uma visão diferenciada do papel da mulher na sociedade, diferentemente da visão que se tinha em séculos anteriores, é graças às lutas incansáveis de mulheres que se colocaram à frente de seu tempo expondo-se à crítica sem receio algum. Na literatura brasileira, há pouco tempo, observa-se a preocupação no sentido de se estudar a escrita de autoria feminina e, de acordo com alguns estudiosos, observamos a presença de três fases distintas na tradição literária de autoria feminina em nosso país: a primeira como fase de imitação dos valores e padrões em voga (fase feminina); a segunda como fase de protesto contra os valores vigentes e em defesa dos direitos e dos valores das minorias (feminista); e a terceira como a fase da autodescoberta, ou seja, da busca pela própria identidade (fêmea). Utilizando um escopo teórico pautado nos estudos culturais e na crítica acerca da escrita de autoria feminina, para além de valorizarmos a produção de Júlia Lopes de Almeida, concentramos nossa análise na personagem principal da obra em questão, Ernestina, e procuramos, por intermédio da abordagem da personagem, discutir a fase dita feminina da literatura brasileira.

Palavras-chave: Júlia Lopes de Almeida. Escrita feminina. Literatura.