Espelho, Espelho Meu: Impactos do Racismo Nas Relações Escolares e Processos de Identificação de Crianças Negras
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo apontar os processos de identificação de crianças negras no ambiente escolar, passando pelos conceitos de estádio do Espelho de Jacques Lacan, analisando as relações escolares sob a luz do racismo institucional e a lei 10.139/2003 sobre o ensino de culturas afro-brasileiras nos currículos e os impactos psicossociais na vida do estudante negro. O método utilizado para a pesquisa é a revisão bibliográfica pertinente ao tema. De maneira geral, o estudante negro sofre uma cisão em suas relações escolares devido a identificação negativa que foi historicamente construída a respeito do que é ser negro, essas relações são atravessadas pelos não-ditos racistas, sustentando o racismo institucional, assim como a criança encontra um lugar de dúvida e esvaziamento no seu processo de identificação com o Outro durante o estádio do espelho. É nas relações escolares que crianças e jovens enfrentam os impactos de um sistema que os exclui e os categoriza com base na cor, resultando em sujeitos marcados pela exclusão. No ambiente escolar a vivência de sujeitos negros é sentida como um não-lugar, uma vez que o eurocentrismo ainda impera tanto nas relações entre os pares, como nos livros didáticos e o conteúdo ensinado que é repassado de acordo com o viés do colonizador europeu, que mais uma vez exclui as crianças negras de processos como representatividade e significações positivas, o que gera estigmatização e negatividade sobre a vivência corporal. Como forma de contornar essas relações escolares marcadas pelo racismo podemos citar a Lei 10.139/2003, que embora faça parte da Lei de Diretrizes Básicas (LDB) não é cumprida em sua efetividade, em grande parte em virtude do racismo institucional e da falta de capacitação de educadores. Outra forma de resignificar as relações escolares para que deixem de ser marcadas pelo racismo, é alterar os processos de identificação, colocando figuras negras em espaços que até então não são comuns, como por exemplo, livros didáticos, corpo docente e gestão escolar, resultando em uma representatividade efetiva e positiva.Publicado
2020-03-22
Como Citar
Ferreira, D. B. S., & Gomes, V. F. (2020). Espelho, Espelho Meu: Impactos do Racismo Nas Relações Escolares e Processos de Identificação de Crianças Negras. ANAIS DO SEMINÁRIO SUL-MATO-GROSSENSE EM EDUCAÇÃO, GÊNERO, RAÇA E ETNIA, 1(1). Recuperado de https://anaisonline.uems.br/index.php/mseducacaogeneroracaetnia/article/view/6728
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Seção
Artigos