MANEJO ANESTÉSICO PEDIÁTRICO EM PACIENTE COM DIAGNÓSTICO TARDIO DE CARDIOPATIA CONGÊNITA COM HIPERTENSÃO PULMONAR SEVERA PARA DRENAGEM DE ABSCESSO CEREBRAL
Keywords:
Truncus Arteriosus, Anestesia, Cardiopatias CongênitasAbstract
Introdução: O truncus arteriosus, também conhecido como tronco arterial comum, é uma cardiopatia congênita (CC) cianogênica caracterizada pela presença de apenas uma artéria emergindo do coração, responsável por fornecer sangue tanto para a circulação sistêmica quanto para a pulmonar e coronariana. Essa condição ocorre em aproximadamente 1,5% dos casos de cardiopatias congênitas em recém-nascidos e pode apresentar variações em relação à origem do tronco pulmonar. Objetivo: Descrever a repercussão do truncus arterioso no manejo anestésico pediátrico. Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 5a, 16kg, ASA III, em urgência para ressecção de abscesso cerebral e craniotomia descompressiva. Admitida em sala cirúrgica sonolenta, taquicárdica, SatO2 88% em AA. Feita pré-oxigenação, indução e IOT. Manutenção com remifentanil e propofol. No intraoperatório, realizadas 2 expansões 20ml/kg com piora progressiva da SatO2 apesar de FiO2 elevada e níveis hematimétricos normais. SatO2: 70-85%. GA: pH7,19 | pCO2 55mmhg | pO2:74mmhg | So2 90% | Bic 21 | BE-6 | lac 3(mmol/l) | Ht38% | Hb12.8g/dl. Evoluiu com hipotensão e piora da taquicardia apesar de otimizado status volêmicos e analgesia. Ao exame: estertor fino pantórax, sopro cardíaco panfocal holossistólico. Iniciados noradrenalina, milrinona e furosemida no intraop com melhora hemodinâmica e última GA: pH7,34 | pCO2 39 mmhg | pO2 84mmhg | So2 96% | Bic 21 | BE-3 | Ht43% | Hb14,5g/dl | lac 1. Encaminhada ao CTI após 3h, investigada e diagnosticada. Ecocardiografia transtorácico: truncus arteriosus + insuficiência moderada da valva truncal, PCA3mm, CIV e FE70%. Discussão: A pressão elevada no VD e pulmonar ficou evidente, possivelmente devido à transmissão das pressões sistêmicas do tronco arterial comum para ambos os ventrículos, bem como à presença de CIV ampla. A estenose na origem do tronco pulmonar protegia o pulmão de hiperfluxo, o que foi exacerbado na presença de sepse com origem do abscesso cerebral, desencadeando instabilidade hemodinâmica com severa hipertensão pulmonar. Conclusão: Pautando-se na natural fragilidade e especificidade do manejo pediátrico é possível concluir a importância do diagnóstico precoce de tal condição além da suma necessidade do conhecimento de cardiopatias congênitas pelos profissionais anestesiologistas.
References
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