O impacto dos “pibidianos” na Escola Municipal de Ensino Fundamental João de Paula Ribeiro
Palavras-chave:
Arte e educação, PIBID, Teatro do OprimidoResumo
Quando chegamos na Escola Municipal de Ensino Fundamental João de Paula Ribeiro, a principal adversidade foi uma questão de cunho nacional: os ataques violentos às escolas em diversos estados da federação. Fomos recepcionados por uma atmosfera de insegurança e controle, diretora e coordenação fizeram falas com o intuito de tranquilizar os alunos, mas reforçaram algumas medidas de segurança; por fim, evocaram uma oração de cunho cristão. O principal ponto percebido foi que nossa presença causou um desconforto em alguns membros da gestão, pois alguns de nós possui piercings, tatuagens, cabelos compridos e coloridos, o que destoa dos padrões estéticos da maioria dos professores. O principal objetivo deste texto é refletir sobre a formação de um repertório estético/comportamental que gere uma sensibilização por parte dos alunos para a questão das diferenças presentes no ambiente escolar, priorizando questões que geram bullying e crimes de racismo/homofobia. Para a metodologia, utilizamos a perspectiva Freiriana presente na obra de Augusto Boal (1974), o Teatro do Oprimido, construindo uma interação dos discentes com narrativas propostas por eles mesmos, ou seja, a partir das problemáticas que eles consideram urgentes, construímos cenas no formato Teatro Fórum com a intenção de que usassem o espaço cênico para resolvê-las. Trabalhamos com a turma do oitavo ano A, que é bastante comunicativa e já tem certo domínio do espaço de cena, pois já existe trabalho por parte das professoras de Arte, licenciadas em Artes Cênicas, egressas da UEMS, de colocá-los em contato com a experimentação corporal e os jogos teatrais (Boal, 1982); as cenas construídas e exploradas foram potentes e perspicazes. No decorrer do semestre, pudemos presenciar diversas mudanças de comportamento no tratamento direcionado a nós, acadêmicos do PIBID, já que recebemos menções e agradecimentos pelos esforços na montagem das coreografias para a Festa Junina, que ocorreu no dia oito de julho do corrente ano. Os olhares também mudaram no decorrer das semanas; agora somos recebidos com “bom dia” e sorrisos, mudança dada pela forma como nos posicionamos na escola, as nossas contribuições e atribuições realizadas de maneira profissional e sempre procurando agregar nos eventos da escola.Pensando na questão das aulas, sobretudo as práticas, os estudantes têm tido uma participação cada vez maior nas proposições cênicas, inclusive alunos que antes não se manifestavam durante as experiências, são muitas vezes os que chamam os colegas a participarem. Formamos, portanto, um real vínculo com a escola. Pudemos perceber que a nossa presença é importantíssima para tornarmos a universidade mais próxima do ensino público e que a formação de todos dessa interseção é mutuamente enriquecida, um verdadeiro pacto de ganha-ganha, pois nós da licenciatura desenvolvemos repertório de aula, as Professoras aprimoram suas didáticas enquanto nos ajudam na composição e apresentação dos conteúdos, os alunos podem experienciar diversas didáticas e ter aulas com bailarinos, artistas de circo, atores. O impacto, sem dúvidas, foi positivo para ambos os lados e suscitar a diversidade e a arte no ambiente escolar é tarefa sine qua non a nós, licenciandos em Teatro.
Referências
Sem referências