O OLHAR MASCULINO EM O CONTO DA AIA
Resumo
Inspirado no romance distópico homônimo escrito por Margaret Atwood, O Conto da Aia é um seriado estadunidense ambientado em uma realidade em que os Estados Unidos da América foram atacados e desmantelados para dar espaço à República da Gilead, uma sociedade fundamentalista religiosa. A motivação da Gilead é reverter as baixas taxas de natalidade no mundo ao retornar as mulheres à função exclusiva de procriação e educação dos filhos. A Gilead divide as mulheres por castas e aquelas consideradas indignas de integrar a sociedade, porém férteis, são transformadas em Aias: mulheres cujo único objetivo é gerar filhos. O seriado é protagonizado por June, uma cidadã norte-americana sequestrada pela Gilead e forçada a assumir um posto na casa de um dos mais importantes Comandantes do país. Criado para a televisão, por Bruce Miller, O Conto da Aia ilustra o sofrimento de diversas mulheres em detalhes. Considerando que o criador do seriado é um homem, podemos teorizar que este sofrimento é enquadrado pelo aparato cinematográfico através de uma percepção masculina, que, de acordo com a teórica Laura Mulvey, comumente apresenta duas formas de olhar para o corpo da mulher: o olhar sádico-voyeurístico e o olhar escopofílico-fetichista (MULVEY, 1983), ambas pressupondo um espectador masculino e buscando escapar da ameaça de castração representada pelas mulheres em cena. Com base no conceito de olhar sádico-voyeurístico proposto por Mulvey, este artigo pretende observar a influência do olhar masculino na primeira temporada desta produção, e ponderar se o aparato cinematográfico consegue fugir do olhar essencialmente masculino quando retrata o martírio de mulheres.
Palavras-chave: O Conto da Aia. Olhar masculino. Laura Mulvey.
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