O ESPAÇO/ PAISAGEM COMO LUGAR DE MEMÓRIA EM ALGUNS FILMES DE PATRICIO GÚZMAN

Resumo

O espaço/ paisagem nas representações artísticas podem abrir caminho para inúmeras reflexões. Muitas vezes são cenários, outras são registros, outras são imagens dialéticas ou também lugares de memória. No caso específico nos debruçaremos sobre a narrativa de Patrício Gúzman, cineasta chileno, autor de filmes como a trilogia: Nostalgia da Luz(2010), O botão de Nácar (2015), Cordilheira dos Sonhos (2019) onde o cineasta através de uma linguagem poética traz à tona os acontecimentos gravíssimos da história do Chile, acontecimentos estes que sofreram uma espécie de apagamento e que com os esses filmes poderão sem vistos.  O que nos interessa, além os acontecimentos em si, é a forma poética que o cineasta utiliza para construir as categorias de espaço e de paisagem nessas narrativas, que passam a ser instrumentos da História de seu país. Mostraremos como Gúzman pontua no espaço/paisagem de seus filmes o lugar de memória, que ali se constitui como elemento primordial de sua mensagem fílmica que, acima de tudo, visa estabelecer–se como um álbum de família, objeto que reúne as fotos das gentes em seus espaços/paisagens contando suas histórias. Nesse contexto para a análise que nos propomos partiremos dos conceitos do geógrafo Milton Santos(2014) para quem paisagem é diferente de espaço, sendo aquela a materialização de um instante da sociedade e este o resultado do casamento da sociedade com a paisagem. Ainda usaremos como embasamento as ideias de Jean- Louis Comolli(1997) quando nos fala da cidade filmada e da transformação de espaço em   tempo promovida pelo cinema, que para nós também aparece nos filmes de Gúzman, por fim em um âmbito ainda maior, dentro do qual o que pretendemos está inserido, olharemos o cinema de Gúzman de forma transdisciplinar e decolonial, quebrando o processo de colonização do olhar imposto ao longo tempo na América Latina.

Palavras-chaves: Cinema. Espaço. Paisagem. Cidade. Memória