EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO SERTÃO PASSADO A ASCENDÊNCIA DO CINEMA NOVO NA DIEGESE DE ONDE NASCEM OS FORTES
Resumo
Uma matriz colonialista e patriarcal, que nos remete à Sociologia das Ausências (SANTOS, 2002). Um subtexto vigoroso, no qual pontificam violência, abuso de poder, machismo, corrupção. Esse é o discurso que aflora na construção diegética da série Onde nascem os fortes (TV Globo, 2018). Partimos da pergunta “Como a narrativa revela ascendência na obra seminal de Euclides da Cunha e como a diegese remete a filmes emblemáticos do Cinema Novo?”, objetivando investigar o quanto essas matrizes discursivas detectadas pelo escritor no início do século XX e destacadas nos filmes do movimento nascido nos anos de 1960, permanecem neste século XXI com impressionante atualidade. Para tanto, selecionamos cenas e imagens significativas para serem analisadas a partir de metodologia híbrida que une as propostas de MACHADO (2012), MOTTA (2013) e MACIEL (2017). A história tem roteiro da dupla George Moura e Sérgio Goldenberg, com direção de fotografia de Walter Carvalho e direção artística de José Luiz Villamarim, e conta 53 capítulos. Entendemos que o ambiente da narrativa funciona como diminuta sucursal da nação, no seio da qual há uma confluência ininterrupta de problemas, bastante conhecidos da urbanidade, a se suceder em diuturna proliferação: desvios de verbas, desmandos, aviltamento da condição humana, traições de todo tipo, preconceitos, injúrias, abusos sexuais, condutas abjetas da classe política, e descalabros éticos e morais que parecem refletir exatamente uma disparidade social, semelhante à apontada em Os sertões (1902), e depois levada ao ecrã, permanecendo com notória atualidade, conforme estampado cotidianamente pela imprensa, em suas diferentes configurações. Nossa hipótese é de que o enredo ficcional referenda a matriz euclidiana, integra-se à literacia fílmica – da qual o Cinema Novo é marco inconteste -, mas também convoca ressignificações para esse cronotopo (BAKHTIN, 1997), ainda mais evidentes se nos valemos da perspectiva de gênero (SCOTT,1989) para desvelar novas composições para o feminino e o masculino representados na obra.
Palavras-chaves: Onde nascem os fortes. Cinema Novo. Euclides da Cunha. Diegese. Sertão.
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