MONTAGEM DE RIOCORRENTE (2013) EM DIFERENTES FLUXOS, CAMINHOS, DESVIOS E RESPINGOS

Resumo

As artes trabalham acontecimentos de seu tempo em poemas, sons e imagens a percorrer, em diferentes fluxos, caminhos, desvios e respingos. No universo cinematográfico esses modos de se expressar artisticamente estão aglutinados. Em meio a esse universo plural, Paulo Sacramento é um cineasta que cursou Cinema na universidade e se especializou na montagem cinematográfica; tendo participado da pós-produção de filmes com direção de Claudio Assis, Sergio Bianchiz e Ana Muylaert. Vinte anos depois de formado e dez anos após ter realizado o documentário O Prisioneiro da Grade de Ferro, Sacramento produziu, roteirizou, dirigiu montou seu primeiro filme de ficção; Riocorrente. Lançado em 2014, Riocorrente é o foco deste trabalho que busca compreender como se dão as articulações na “sala de montagem”. Além de Paulo Sacramento ser reconhecido como montador, tal qual ele, entendo que é nesse ambiente que confluem as formas criativas da produção cinematográfica. Não se trata, porém, de uma análise da montagem. Devido aos múltiplos atratores irradiados pelo filme em diversos feixes de instâncias, decidimos por uma apreciação sensível do universo fílmico. O filme explora o caos da cidade mais populosa do Brasil. Segundo o diretor, não houve nenhuma cena filmada em estúdio. "Não parávamos a cidade para fazer o filme, usávamos São Paulo em movimento". A sinopse apresentada pela produtora Olhos de Cão apresenta a cidade de São Paulo como um barril de pólvora prestes a explodir. Em meio ao turbilhão da cidade, um jornalista, um ex- ladrão de automóveis e uma mulher misteriosa vivem um intenso triângulo amoroso. O choque entre seus desejos e o atrito entre as faces opostas da cidade apontam a urgência de mudanças radicais mise en scène. Mesmo diante dessa sinopse simploria, o filme transcende os princípios de uma história ficcional tradicional.Já que a narrativa colabora para a construção de um argumento cinematográfico que percorre a cidade de São Paulo; a fim de apresentar uma multitude em uma narrativa sui generis. Este estudo é uma reflexão cinematografica em (re)fluxos e incisões de pensamento.

Palavras-chave: Riocorrente. Montagem cinematográfica. Paulo Sacramento. Fluxos.