HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: PONTOS SENSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DAS NARRATIVAS
Resumo
Este trabalho tem por objetivo principal analisar a forma com que os transtornos do espectro autista são abordados em histórias em quadrinhos. Dada a simplicidade, aceitação e grande potencial de alcance de público nas mais diversas faixas etárias, as histórias em quadrinhos se mostram uma excelente ferramenta pedagógica para introduzir diversos assuntos no campo da educação (PEREIRA; ALCÂNTARA, 2021; RAMA et al, 2004), tanto para se trabalhar com alunos, em práticas docentes diversificadas, quanto na formação de professores interessados em pensar a educação inclusiva. Pensando na questão do autismo infantil, cujo crescente número de diagnósticos na população, que não poupa nacionalidade ou condição social, preocupa familiares, educadores e demais profissionais da área da saúde envolvidos em sua pesquisa e tratamento, pensou-se em analisar de que forma, e se, as histórias em quadrinhos estão expondo, explicando ou até mesmo ensinando a sociedade a lidar com as peculiaridades do transtorno do neurodesenvolvimento, que levam o indivíduo a um afastamento social do mundo exterior, como apontam Gomes e Silveira (2016). A partir dessa ideia, apresenta-se aqui os primeiros resultados de uma pesquisa inicial, de natureza qualitativa e viés bibliográfico (GERHARDT; SILVEIRA, 2009), que tomou como objetos de análise três histórias em quadrinhos que tratam do transtorno do espectro autista já publicadas no Brasil: Um amiguinho diferente (SOUZA, 2021), Fala Maria (FERNÁNDEZ, 2020) e Diferença invisível (DACHEZ, 2016). Na análise, que entrecruza referenciais teóricos sobre o autismo com as discussões e apresentações nas histórias analisadas, percebe-se que elas apresentam, por meio de seus personagens, características e condições comportamentais descritas na literatura, em especial as apontadas por Gaiato (2018) e Braga (2018), numa forma de expor ao leitor as peculiaridades e atipicidades sociais que fogem ao esperado em um protocolo de comportamento socialmente previsível; além disso, as diferenças de reação aos modelos comumente esperados, que afastam e isolam portadores do transtorno do espectro autista, como bem discorre Gaiato e Teixeira (2018), e as dificuldades que os portadores do transtorno passam em situações que tipicamente não afetam a vida das demais pessoas (LOBE, 2020; GAIATO, 2018) também são perceptíveis nas histórias. Entretanto, as histórias em quadrinhos parecem cumprir um papel social, visando à divulgação e integração dessas pessoas na sociedade, sem trazer maiores informações sobre tipos de tratamento, o que poderia igualmente ser interessante para familiares e professores com pouco conhecimento sobre o tema.
Palavras-chaves: Autismo. Comportamento. História em quadrinhos. Transtorno.
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