A NOÇÃO DE ESTEREÓTIPO E A PERSONA RITA VON HUNTY NO INTERIOR DA TEORIA DOS ESPAÇOS MENTAIS

Resumo

A presente proposta de comunicação objetiva compreende a constituição da persona Rita Von Hunty, à luz da Teoria dos Espaços Mentais, em sua relação com a noção de estereótipo. A construção de uma persona perpassa a noção de estereótipo e é discutida pela própria Rita Von Hunty em seu canal, Tempero Drag. O estudo apresentado é desenvolvido, por um lado, a partir de uma abordagem Semântica, com a leitura de Mental Spaces (FAUCONNIER, 1994), The way we think (FAUCOUNNIER; TURNER, 2002), Crátilo (PLATÃO, 1994) e Construção dos objetos de discurso e categorização: uma abordagem dos processos de referenciação (MONDADA; DUBOIS, 2015) e, por outro lado, a partir de autores que possibilitam compreender o universo drag queen e das performances de gênero, tais como Chidiac e Oltramari (2004), Jesus (2012) e Amanajás (2015). Esses autores acabam dialogando com a noção de estereótipo, já que as diferenças comuns entre as identidades masculina e feminina são construídas culturalmente e determinadas por padrões regulados pela sociedade. Deste modo, partindo da perspectiva semântico-(sócio)cognitiva, é possível perceber que um estereótipo emerge de valores e de crenças culturais, sócio-historicamente forjadas. Esse processo ativa memórias armazenadas em nossas mentes e produz sentidos ligados às nossas experiências (sócio)cognitivas. Dessa maneira, o efeito de sentido produzido surge como algo naturalizado, ocorrendo por intermédio de uma linguagem simbólica carregada de atitudes de legitimação ou de deslegitimação das drags. A performance de gênero revela, assim, através da sua arte, como homens e mulheres são construídos socialmente e, portanto, como podem ser facilmente “mimetizados”.

Palavras-chave: Referenciação. Espaços Mentais. Estereótipo. Performance de gênero.