O LEITOR LIMA BARRETO - ESCRITOR DE RECORDAÇÕES DO ESCRIVÃO ISAÍAS CAMINHA

Resumo

Recordações do escrivão Isaías Caminha, publicado pela primeira vez em 1909, é o livro de estreia de Afonso Henriques de Lima Barreto na literatura e obra confessa da tentativa de inserir-se no campo de produção de bens culturais de seu período. Embora quisesse adentrar ao campo intelectual e ser reconhecido com um autor consagrado, sua posição como escritor sempre foi contrária ao repertório cultural elitizado de seus coetâneos, sendo este um dos fatores que podem ter sido preponderantes para sua marginalização na literatura pela crítica de sua época. Mas, para além do escritor foi também um exímio leitor, muitos rastros das suas leituras foram deixados em livros, diários, cartas, impressões de leitura, em suas contribuições para jornais e revistas e em sua biblioteca particular, a “Limana”. Apreciador de romancistas como Dostoiévski, Balzac, Stendhal e Flaubert, sua produção ficcional revela um estilo próprio, diferente de seus pares, cuja preocupação social extrapolou os limites ditos literários. Atualmente, Lima Barreto tem recebido o mérito de um autor “extraordinário” para a história da literatura brasileira, sua produção é cada vez mais estudada pela academia e respeitada pela crítica.  Para tanto, tendo como corpus de análise o romance Recordações do escrivão Isaías Caminha (1917), este artigo propõe uma investigação sobre a importância da atividade leitora de Lima Barreto em sua produção ficcional, bem como na diligência de inserir-se no campo de produção de bens culturais de seu tempo. O referencial teórico pauta-se na sociologia da literatura, cujas reflexões investem na relação entre sociedade e literatura, tomando a obra literária como objeto de análise.

Palavras-chave: Lima Barreto. Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Sociologia da Literatura. Leitura.