JOÃO W. NERY E A REFORMULAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS DE SEXO/GÊNERO
Resumo
Neste texto analisaremos como as autobiografias Erro de pessoa: Joana ou João? (1984) e Viagem solitária: memórias de um transexual 30 anos depois (2011), de João W. Nery, nos revelam as lutas por reconhecimento das expressões de sexo/gênero do autor a partir do uso e da reformulação das categorias médico psiquiátricas sobre experiências transexuais. Investigaremos como a noção patológica de transexualismo, forjada em meados do século XX, opera como chave de autorreconhecimento para Nery em seu primeiro livro, mas é criticada e reformulada em sua publicação seguinte. Além disso, apontaremos como certas expressões de Nery, por si só, não cabem nos moldes transexuais propostos pela literatura médica da época. Proporemos que a insuficiência desses discursos se deve à sua formulação como um estereótipo de sexo/gênero que está mais conectado às matrizes culturais hegemônicas do que às expressões autorais de Nery. Com isso, criticaremos a solidificação do discurso médico patológico como regulador de experiências nomeadas como transexuais, e indicaremos as expressões de Nery como aberturas para outras significações possíveis além da ordem de sexo/gênero hegemônica.
Palavras-chave: Autobiografia; Transexualidade. Poder. Estudos de gênero. Literatura brasileira.
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