GÊNESE, CRIAÇÃO LITERÁRIA E TEORIZAÇÃO NA LEITURA DE FISIOLOGIA DA COMPOSIÇÃO, DE SILVIANO SANTIAGO, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DESCOLONIAL

Resumo

O ensaio apresenta uma leitura do livro Fisiologia da composição (2020), de Silviano Santiago, a partir da proposta do autor segundo a qual para se conceber uma nova metodologia de leitura da literatura brasileira é necessário desconstruir a metodologia de leitura da Literatura Comparada. Para tanto a reflexão tem como mote principal o papel do caráter ensaístico evidenciado por Santiago, nas primeiras páginas do livro, e começa tecendo considerações acerca do proposto pelo crítico, para, então, deter-se na relação do ensaio com os corpos mencionados no texto, Machado de Assis, Graciliano Ramos e Silviano Santiago. O recorte mencionado se desenvolve sob a égide da perspectiva descolonial por meio de conceitos como teorização e pensamento fronteiriço como método (MIGNOLO, 2010), e da intercorporeidade proposta por Juliano Garcia Pessanha em Recusa do não-lugar (2018). Nesse contexto, os conceitos de cópia e contribuição são revistos sob a ótica de texto / autor hóspede e texto / autor hospedeiro, tais noções, por sua vez, distanciam-se da abordagem tradicional da literatura comparada. Vale mencionar que a nova metodologia cunhada por Santiago ecoa as considerações de Antonio Candido acerca da relação entre literatura brasileira e a literatura comparada. Considera-se que um possível começo para a nova metodologia proposta por Santiago implica no papel do leitor para o desenvolvimento de uma leitura outra da literatura brasileira, uma vez que a desordem, anacronismo e a distorção são concebidos pelo olhar do leitor. Dessa forma, o leitor/escritor/intelectual latino-americano, atravessado pela condição colonial, se contrapõe ao modelo genérico de leitor/intelectual ideal.

Palavras-chave: Ensaio. Hospedagem. Corpos. Literatura Comparada. Literatura Brasileira.