“ABERTO ASSIM O TEMPO, QUE COMEÇOS SE FORMAVAM?”: PERFIS FEMININOS EM CLARICE LISPECTOR E EM GUIMARÃES ROSA
Resumo
Amparado metodologicamente por levantamentos bibliográficos das áreas literárias e historiográficas, e pelos pressupostos mais atuais da Literatura Comparada, o presente trabalho propõe um exame comparatista das obras de dois dos principais ficcionistas da literatura brasileira do século XX, a saber: o romance Perto do coração selvagem (1943), obra de estreia de Clarice Lispector (1920-1977), e o extenso conto “Buriti” ― sétima e última narrativa escrita na coletânea Corpo de Baile (1956) ―, de João Guimarães Rosa (1908-1967). Desse modo, a linha ascendente que a figura feminina traça ao longo da história contemporânea ocidental e sua presença imperativa no interior das páginas literárias faz desta personagem destaque histórico dos pontos fulcrais a serem examinados, a qual pretende atentar para a construção dos anseios mais íntimos em cenários sociais tão pouco favoráveis às necessidades e emoções do ser feminino. Sejam esses sentimentos presentes nos espaços urbanos e industrializados, ou em locais demasiadamente arcaicos e rurais, a essência feminina sempre se deparou nacionalmente com uma muralha espessa construída historicamente pelos valores patriarcais. Destarte, o objetivo desse trabalho é alcançar uma leitura dialética entre o processo histórico vivenciado pela mulher e também sua representação no campo estético de forma que a literatura e a historiografia busquem completar-se sem, contudo, apagarem suas fronteiras disciplinares bem marcadas. Tal como denotam os estudos de Eric Hobsbawm (1917-2012), a chamada “Emancipação Feminina” configurou-se em um painel de mudanças na vida de várias mulheres, sejam essas residentes dos espaços urbanos ou do simples e brutal sertão brasileiro. No mais, faz-se necessário na abordagem dessa temática os imprescindíveis estudos recentes de bell hooks acerca da luta feminina e as discussões do pensamento existencialista de Jean-Paul Sartre (1905-1980). Nesse sentido, denotou-se que tanto a protagonista clariceana quanto a personagem da narrativa rosiana são mulheres que espelham a imagem das feministas ocidentais no solo árido do Brasil entre as décadas de 1940 e de 1950, ansiando por destinos para si maiores e diferentes dos que foram socialmente impostos. Por fim, Clarice Lispector e Guimarães Rosa, exibem perfis femininos que não se permitem abater diante dos altos muros de instituições sociais.
Palavras-chave: Clarice Lispector. Guimarães Rosa. Feminino. Literatura Comparada. Século XX.
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