A fronteira da poesia e a poesia da fronteira: hospitalidade nos versos de Emmanuel Marinho

Autores

  • Stelamaris da Silva Ferreira Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Palavras-chave:

Emmanuel Marinho, poesia, indígena, hospitalidade.

Resumo

Hospedar o outro em mim, ser hóspede do outro: o trânsito da fronteira. Na fronteira sul-mato-grossense, mais precisamente na cidade de Dourados, o poeta Emmanuel Marinho escreve seus versos sobre si, sobre o outro, sobre a própria poesia e sobre o mundo. Grande parte de suas obras se compõem de escritas sobre o sujeito sul-mato-grossense e o indígena, ambos relegados à margem, principalmente o indígena que ainda sofre com o preconceito e o desprezo da sociedade. Se para os sul-mato-grossenses, o preconceito vem de fora do estado, o indígena sofre constantemente a cisão e o estigma vindo de fora, mas também vindo de dentro do próprio lócus do qual faz parte. Este trabalho, portanto, tem por objetivo lançar olhares para algumas poesias de Marinho que representam os indígenas, observando como são colocados em cena e como a hospitalidade se concretiza ou não; como o preconceito, a desumanidade, as explorações e a insensibilidade minam a hospitalidade e se opõem à sua realização. Para (re)pensar sobre como se dá (ou não) o acolhimento do outro em solo fronteiriço realizar-se-á leituras de poemas das obras Cantos de terra (2016), Satilírico (2017) e Margem de papel (2018) à luz de noções sobre “hospitalidade” no texto “Anne Dufourmantelle convida Jacques a falar da hospitalidade”, de Jacques Derrida (2003), em “O íntimo e o êxtimo”, de Juliano Garcia Pessanha (2018), no ensaio “Memórias subalternas latinas”, de Edgar Cézar Nolasco (2013) e no capítulo “Desobediencia epistémica, pensamiento independiente y liberación descolonial”, de Walter Mignolo (2001), de modo a pensar essa região sul-mato-grossense e as vidas e sensibilidades que dela emergem e nela sobrevivem.

Biografia do Autor

Stelamaris da Silva Ferreira, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Mestranda em Estudos de Linguagens na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Referências

DERRIDA, Jacques. Anne Dufourmantelle convida Jacques a falar da hospitalidade. São Paulo: escuta, 2003.

DICIONÁRIO MICHAELIS (on-line). Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?id=RQQBG>. Acesso em: 04 out. 2019.

MARINHO, Emmanuel. Cantos de Terra. 2. ed. Campo Grande, MS: FCMS, Coleção artesanal, 1983.

______. Margem de papel. 1. ed. Dourados, MS: Seriema, 2018.

______. Satilírico. 1. ed. Dourados, MS: Seriema, 2017.

MIGNOLO, Walter. Desobediencia epistémica, pensamiento independiente y liberación descolonial. In: ______. El vuelco de la razón. Buenos Aires, 2001, p. 153-186.

NOLASCO, Edgar Cézar. Memórias subalternas latinas. In: ______. Perto do coração selbaje da crítica fronteriza. São Carlos: Pedro & João Editores, 2013, p. 131-159.

PESSANHA, Juliano Garcia. O íntimo e o êxtimo. In:______. Recusa do não-lugar. São Paulo: Ubu Editora, 2018, p. 110-141

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Publicado

2020-05-12

Como Citar

Ferreira, S. da S. (2020). A fronteira da poesia e a poesia da fronteira: hospitalidade nos versos de Emmanuel Marinho. ANAIS DO CONGRESSO DE PESQUISAS EM LINGUÍSTICA E LITERATURA, 1(1), 05–19. Recuperado de https://anaisonline.uems.br/index.php/CPLL/article/view/6941