IMPLANTAÇÃO DE UMA HORTA DE ESPÉCIES NÃO CONVENCIONAIS NA ALDEIA LIMÃO VERDE
Resumo
A população indígena possuía em sua dieta alimentar espécies vegetais disponíveis na natureza, ou seja, eram coletados, e não cultivados, sendo essas conhecidas atualmente como plantas alimentícias não convencionais (PANC’s). Porém, com o passar dos anos foram desaparecendo gradativamente, a ponto de algumas espécies, se extinguirem na região. Comumente estas espécies vegetais são denominadas “ervas daninhas”, por se tratar de plantas invasoras, não serem exigentes quanto aos tratos culturais, e se adaptarem a diversos ambientes, entretanto, sem os conhecimentos indígenas de outrora há dificuldade na seleção das espécies comestíveis. O objetivo deste trabalho foi resgatar as hortaliças não convencionais, que eram utilizadas na alimentação dos antepassados indígenas, e apresentá-las aos jovens e crianças da comunidade, tal como a importância de cultivá-los. O trabalho foi conduzido próximo à Escola Estadual de Ensino Médio Pascoal Leite Dias, localizado na Aldeia Limão Verde, área indígena que se encontra na região Noroeste de Mato Grosso do Sul, município de Aquidauana, representada pela etnia Terena, cuja população está estimada em aproximadamente 1200 habitantes. Inicialmente, o trabalho foi apresentado ao Cacique e demais lideranças da aldeia. Após aprovação e liberação, foi apresentado à direção da Escola Estadual de Ensino Médio Pascoal Leite Dias, e em reunião foi definido, juntamente com os professores, a melhor forma de organizar os alunos, esquematizando a participação dos mesmos nos trabalhos na horta. Após a definição da área, iniciaram-se os trabalhos de limpeza, com auxílio de enxadas, enxadões, foices e rastelos. A área foi delimitada, utilizando estacas, e com auxílio de uma trena foi feita a metragem, obtendo as dimensões de 15x5m, 75m2. Posteriormente, foram implantadas as culturas de adubação verde, a lanço, sendo estes: mucuna preta (Stizolobium aterrimum), guandu arbóreo (Cajanus cajan), guandu anão (Cajanus cajan), e crotalária (Crotalaria juncea L.). E ao final de 92 dias após a semeadura, ocorrendo a floração das culturas, foi realizada a incorporação desses ao solo com o auxílio de uma grade aradora. E assim, a preparação dos canteiros para o cultivo das PANC’s, as espécies cultivadas foram peixinho (Stachys byzantina), beldroega (Portulaca oleracea L.), vinagreira (Hibiscus spp.), capuchinha (Tropaeolum majus L.) e ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Mill.), consorciado com mandioca (Manihot esculenta). Este trabalho foi de grande valia para o aprendizado e regate da cultura Indígena por parte dos alunos e demais jovens da comunidade, sendo que estes não estavam familiarizados com este tipo de alimentação.