O ESTUDO DA CÉLULA POR ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Resumo
Todos os organismos vivos, com exceção dos vírus, são constituídos por células, por outro lado, os processos de ensino e de aprendizagem acerca da constituição celular se tornam complexos por este ser um tema muito abstrato aos alunos. Essa dificuldade ainda é maior quando se trata de alunos com deficiência visual, devido a vários fatores, dentre os quais se destaca a falta de recursos didático-pedagógicos apropriados. O uso dos recursos didático-pedagógicos, adaptados aos alunos com deficiência visual, incentiva-os a curiosidade e persistência pelo conhecimento no ensino de ciências. Diante desse contexto, o presente trabalho objetivou “desenvolver recursos didático-pedagógicos para subsidiar a aprendizagem sobre célula de alunos com deficiência visual incluídos na educação básica regular”. Inicialmente foram elaboradas duas maquetes, com foco principal na célula animal e na célula vegetal e suas estruturas e organelas, tais como: membrana plasmática, parede celular, citoplasma, ribossomos, retículo endoplasmático liso, retículo endoplasmático rugoso, complexo de Golgi, centríolos, mitocôndrias, cloroplasto, vacúolos, núcleo, nucléolo, entre outras estruturas. Também foi elaborada uma maquete de bactéria, representando uma célula procariótica que, ao contrário da eucariótica, não possui membranas internas delimitando o material genético do organismo, assim como organelas membranosas complexas. Além desses recursos, foi confeccionado um jogo didático acerca do tema. Em seguida, por meio de quatro encontros de 2h/a, esses recursos didático-pedagógicos foram aplicados a dois alunos incluídos na Sala de Recursos Multifuncionais da Escola Estadual Castelo Branco e Escola Estadual Professora Iolanda Ally, no município de Mundo Novo – MS. A aplicação dos recursos didático-pedagógicos ocorreu por meio de aulas expositivas dialogadas, discussões e com a utilização de recursos tecnológicos, como áudios de vídeo sobre o tema, possibilitando a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento. Por meio desse trabalho, os alunos demonstraram interesse pelo assunto e se mostraram participativos, interagindo nas discussões e realizando as atividades propostas. Ao término das atividades, por meio de entrevista avaliativa, os alunos contemplados com o projeto disseram que: “foram experiências novas, com o auxílio das maquetes com diversas organelas e texturas diferenciadas e táteis, facilitou o aprendizado”; “gostei do vídeo do corpo humano, pois, o áudio estava bom e falava sobre células e funções das mesmas”; além disso, avaliaram as maquetes utilizadas como “ótimas”, pelo fato de apresentarem o alto-relevo que facilita no processo de aprendizagem dos alunos com deficiência visual. Além disso, ao iniciar o projeto, os alunos não tinham conhecimento sobre célula e através dos recursos didáticos o aprendizado foi facilitado, uma vez que estes proporcionaram conhecer as características das células pelo tato. Portanto, conclui-se que as atividades e os recursos adaptados à deficiência visual dos alunos possibilitam a inclusão e auxiliam a aprendizagem destes.