RELAÇÕES DE GÊNERO E COMBATE A VIOLÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Resumo
Essa comunicação apresenta ações realizadas por bolsitas do Programa de Extensão Ojapo Tape Oguatá Hina: Se faz caminho ao andar (PROEXT/MEC, 2015-2018), que tem o propósito de desenvolver um conjunto de ações voltadas para os direitos e a violência contra mulheres, voltando se especialmente para a formação de professores kaiowá e guarani. Esse projeto tem a intenção de contribuir na diminuição dos preconceitos e discriminações que envolvam os indígenas e não indígenas. O programa envolve seis bolsistas. As reuniões são semanais e envolve estudos teóricos e discussões a respeito do tema. Fizemos a leitura de alguns teóricos que pesquisam a temática para compreender as relações de poder que envolvam as relações étnico-raciais. A etnografia nos revela que a mulher tem lugar fundamental na organização social kaiowá e guarani. As ações envolveram a presença das e dos bolsistas em reuniões nas aldeias, cuja pauta era o movimento de mulheres, seus desdobramentos e forma de combate a violência. A partir do conhecimento da realidade de mulheres indígenas e as formas de violência sofrida, percebemos que há um conjunto de dificuldades colocadas para a prevenção e proteção às mulheres em contexto de violência, inclusive no nível de informação quanto às medidas que elas possam tomar e o tipo de atendimento disponível, na medida em que várias barreiras para efetivação dos direitos das mulheres se colocam, incluindo a linguagem, o acesso, entre outras. Pensando em como abordar a problemática dentro de escolas e espaços públicos nas aldeias, elaboramos um teatro de fantoche cujo roteiro discute a violência a partir da vivência de mulheres indígenas e as medidas de prevenção, com uma fácil linguagem e buscando tratar a problemática de uma forma na qual as mulheres se sintam à vontade para compartilhar suas experiências e, ao visualizar as situações de violência, possam olhar para suas experiências com outros olhos. Ao mesmo tempo, busca-se o envolvimento em ações junto ao poder público, para evidenciar a necessidade de repensar e efetivar, nesses espaços, o atendimento às mulheres indígenas vítimas de violência. Ao fim do teatro realizaremos um debate sobre a temática através de roda de tereré com mulheres e crianças para refletirmos a respeito do tekoporã (modo de vida bom e belo) e o que é considerado violência contra mulher nas aldeias e quais meios aos quais ela pode recorrer, envolvendo, principalmente, as mulheres que são referência junto às famílias na aldeia.