DISCURSO AMBIENTAL NO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA – MST
CARTAS AO POVO BRASILEIRO
Palavras-chave:
MST, Discurso Ambiental, Cartas, Agroecologia, Reforma AgráriaResumo
A questão ambiental tem adquirido relevância e destaque no Brasil e no exterior, dado o avanço das atividades econômicas de exploração/extração dos bens naturais, bem como o aumento da população mundial. Neste contexto, o tema ambiental passou a integrar as agendas e programas de governos, ora desejosos de conciliar crescimento econômico e preservação da natureza, ora concentrados no lucro a qualquer custo. Assim, neste cenário, segundo Paludeto (2018), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST se apresenta e toma a frente nesta luta. De acordo com MST (2013), o movimento é resultado histórico da luta pela distribuição da terra no país, tendo em vista a formação econômica brasileira que se deu a partir da constituição de grandes latifúndios para a exploração de monocultura. Haja vista a conjuntura do surgimento do movimento no âmbito da luta pela reforma agrária, faz-se necessário explanar que esta consiste em uma forma ampla de construção de uma nova sociedade igualitária, solidária, humanista e ecologicamente sustentável. A partir de 2001, adentra a pauta de lutas do MST a prática agroecológica e o desenvolvimento sustentável, conforme aponta De’ Carli (2013), a fim de se contrapor ao modelo agrícola hegemônico e como oportunidade de se integrar aos debates globais acerca do desenvolvimento sustentável. Desse modo, a reforma agrária e a temática ambiental tornaram-se elementos centrais de discussão quanto ao posicionamento do movimento frente ao futuro, segundo Borsatto e Carmo (2013). Considerando a contextualização acima, esta pesquisa tem por objeto o discurso ambiental nas cartas do MST ao povo brasileiro (2018-2021). O objetivo geral consiste em analisar o processo discursivo ambiental no movimento. São objetivos específicos: compreender o processo discursivo do MST em relação ao discurso ambiental; analisar o discurso ambiental como acontecimento na relação da memória discursiva; analisar a posição ideológica do MST. Logo, o corpus deste trabalho é constituído por enunciados de maior destaque que foram recortados destas cartas. Após recortados, esses enunciados foram classificados em discursos e, por fim, foram analisados em relação ao posicionamento ideológico e formação discursiva. Esta pesquisa será composta por 3 capítulos, sendo que o capítulo 1 constitui o suporte teórico da pesquisa, capítulo este que apresenta os principais conceitos e fundamentos da Análise do Discurso. O capítulo 2, denominado estado da arte, versa sobre o debate ambiental dentro do MST, quanto sua relevância e posicionamento. Por fim, o capítulo 3 compreende as análises, utilizando a metodologia concebida por Rodrigues (2006), consistindo em um recorte dos enunciados, que em seguida serão classificados em discursos e por fim, analisados em relação ao posicionamento ideológico e à formação discursiva.
Referências
BORSATTO, Ricardo Serra; CARMO Maristela S. do. A construção do discurso agroecológico no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Revista de Economia e Sociologia Rural, n. 51, p. 645-660, 2013.
DE’ CARLI, Caetano. O discurso político da agroecologia no MST: o caso do Assentamento 17 de Abril em Eldorado dos Carajás, Pará. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 100, p. 105-130, 2013.
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA. Proposta de Reforma Agrária Popular do MST. In: STEDILE, João Pedro (Org). Questão Agrária no Brasil: debate sobre a situação e perspectivas da Reforma Agrária na década de 2000. São Paulo: Expressão Popular, 2013.
PALUDETO, Melina Casari. As diretrizes programáticas e a política educacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Tese de doutorado. Programa de pós-graduação em educação. Universidade Estadual Paulista, Marília, SP, 2018.
RODRIGUES, M. L. MST: discurso de reforma agrária pela ocupação: acontecimento discursivo. Tese de doutorado. Programa de pós-graduação em linguística. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2006.