IDENTIDADE E O RECONHECIMENTO DO OUTRO NO CONTEXTO DOS DIREITOS HUMANOS
Palavras-chave:
Identidade. Alteridade. Estranho. Estrangeiro.Resumo
Este artigo tem por objetivo realizar uma reflexão sobre a questão da identidade apontando para o papel do reconhecimento do outro na constituição identitária. Trata-se de uma abordagem multidisciplinar passando por contribuições da Sociologia, Psicologia e Filosofia. Como fio condutor desta abordagem, constata-se que a capacidade em relacionar-se com a diferença e o não-eu constitui-se em ponto essencial no processo de constituição identitária, e que, portanto, o não contato com o outro e o reconhecimento das diferenças podem afetar este processo. O texto divide-se em três eixos analíticos: o papel do outro na constituição do eu, de sua identidade, a relação do indivíduo com o outro (estranho), estrangeiro, a percepção do outro como um semelhante, um ser humano. A identidade, saber quem eu sou e saber quem o outro é, se tornou condição para o desenvolvimento das relações no mundo contemporâneo, é construída socialmente através de processos de exclusão e inclusão, fundamentada na semelhança e primordialmente na diferença. Assim, a percepção das diferenças torna-se fundamental para a afirmação de um grupo frente ao outro diferente. O problema é que reconhecer o outro ocorre por meio de um processo classificatório, que padroniza, cria um parâmetro único de comparação, hierarquizando o que deveria ser visto apenas como diferente. Essa reflexão perpassa desde a ideia da identidade como algo pessoal e coletivo, construída socialmente, procurando pensar como os indivíduos manejam suas identidades coletivas diante das diferenças e, como a afirmação de uma identidade, nos dias de hoje, pode contribuir para a discriminação. Trata-se de uma discussão fundamental na contemporaneidade, onde vemos a extinção das diferenças, seja através de uma padronização, hegemonização, efeitos da globalização, procurando reduzir tudo a um mesmo, seja pela exclusão daquele que é apontado como o estranho. Nesse sentido o tema identidade é central na questão dos Direitos Humanos, uma vez que, as explicações relativas ao modo como o sujeito se constrói são permeadas pela interação com o outro e reconhecimento do outro.