ARQUEOLOGIA DO SUJEITO IDOSO: REGULARIDADES DO DISCURSO
Palavras-chave:
Educação Permanente. Idoso. Arqueologia. Letramento.Resumo
Dispostos a problematizar o conceito de educação permanente (GADOTTI, 1984) voltado ao público idoso em duas instituições educacionais na cidade de Fernandópolis-SP (EJA – Educação de Jovens e Adultos/ UNATI – Universidade Aberta da Terceira Idade), optamos pelo arcabouço teórico da Análise do Discurso de linha francesa que nos oportunizou agregar à pesquisa a perspectiva foucaultiana de descrição dos saberes. Segundo Veiga-Netto (2003), a arqueologia do saber se trata de uma análise histórica das condições de possibilidade dos saberes do contemporâneo; não é evolutiva, retrospectiva e, sim, epistêmica, em que se acentua a descontinuidade, em detrimento do progresso. Nesta pesquisa, almejamos descrever os discursos das propostas pedagógicas das duas instituições citadas em busca de regularidades nos discursos; articular as práticas discursivas com os domínios não discursivos (condições econômicas, sociais, políticas e culturais) e problematizar as representações de cidadania e inclusão/exclusão educacional e social que contribuem para o processo identificatório do sujeito idoso pós-moderno. Estes são os pressupostos de uma perspectiva psicanalista do sujeito constituído na e pela linguagem, defendidos por Coracini (2007), a partir dos estudos de Lacan. Ao analisar os recortes discursivos do documento “Caminhos para a alfabetização de jovens e adultos da EJA-Fernandópolis”, pudemos constatar que a pedagogia de Paulo Freire é determinante no documento em questão, o que nos remete a uma formação ideológica que prega a emancipação do cidadão pelo letramento e, à primeira vista, contribui para uma formação discursiva cidadã que abrange todos os sujeitos adultos participantes da EJA, idosos ou não-idosos. Buscaremos em entrevistas semiestruturadas perscrutar este ponto de análise junto aos sujeitos idosos. No documento da UNATI “Regimento Interno da UNATI-Fernandópolis”, a repetição de enunciados busca ratificar o caráter promovedor de defesa para o sujeito idoso na instituição UNATI diante da desigualdade social. Segundo Orlandi (2010), as formações discursivas são heterogêneas, configurando-se e reconfigurando-se continuamente em suas relações e nos possibilitam levantar a hipótese de que as representações do idoso podem tanto legitimar a cidadania como homogeneização do sujeito fundante, unívoco, ou alinhar-se como o direito de se dizer com suas especificidades (CORACINI, 2007) condizente com o sujeito pós-moderno, clivado em sua(s) identidade(s).