AS ESPECIFICIDADES NA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE INDÍGENA
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Palavras-chave:
saúde de populações indígenas; educação permanente; comunicação em saúde; avaliação de processos em cuidados de saúde; equidade em saúde.Resumo
Introdução: A assistência em saúde indígena apresenta o desafio, frente a ampla diversidade cultural e social dessa população, de correlacionar suas ações com os saberes desses povos. A não flexibilização do atendimento e acompanhamento, promove uma assistência curativa em detrimento da preventiva. Isso, aliado a um sentimento de rejeição e resistência de não indígenas, dificulta a socialização entre a comunidade e centro de saúde. Este relato de experiência foi realizado a partir de uma visita a uma aldeia indígena do contexto urbano no município de Campo Grande/MS para reconhecimento do seu perfil sociodemográfico, parte de um projeto de extensão vinculado ao curso de medicina. Ele justifica-se pelos questionamentos da comunidade e para reflexões sobre suas particularidades, a fim de compreender as reais necessidades e permitir um atendimento direcionado e adequado à essa população estreitando as relações afetivas entre indígenas e profissionais da saúde. Objetivos: Estabelecer reflexões acerca das especificidades na assistência em saúde indígena a partir do relato de experiência vivenciada em uma aldeia indígena no município de Campo Grande/MS durante visita para reconhecimento do perfil sociodemográfico da comunidade. Relato de experiência ou da ação: Foi realizada entrevista estruturada em perguntas sobre a identificação pessoal e as condições de moradia e seus moradores, formas de lazer e ocupação, interação político-social e compreensão sobre saúde, investigando presença de doenças e o perfil epidemiológico. Neste último tópico, foi abordado o entendimento de saúde e doença, a frequência e o motivo de visita à Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) e histórico pessoal e familiar de doenças. Reflexão sobre a experiência: A principal especificidade dessa comunidade é a dificuldade de conexão entre os costumes de saúde urbano, com as práticas de saúde cientificamente determinadas, e as crenças dos povos indígenas, o que influencia na adesão ao tratamento, pois, culturalmente, eles precisam adquirir um grau de confiabilidade no profissional da área da saúde para dar continuidade no que é passado ao indivíduo, porém é notório a falta de confiança dos indivíduos entrevistados em relação ao serviço advindo do Sistema Único de Saúde (SUS). A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (2006) contribui para embasar a importância da educação permanente feita a partir dos problemas enfrentados na realidade e leva em consideração os conhecimentos, as necessidades e as experiências da população. Ademais, há muita influência das igrejas na formação de opinião de atenção à saúde. Entretanto, foi percebido uma falta de conhecimento em saúde dos líderes religiosos, o que impede a continuidade de acompanhamento e tratamento dos indígenas. Conclusões ou recomendações: Portanto, torna-se necessário um compromisso entre os profissionais da saúde e a comunidade indígena e os seus círculos sociais como igrejas e escolas. Isso permite um fortalecimento das relações entre essas partes e, consequentemente, amplia o quadro assistencial.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília-DF: Ministério da Saúde. 2009.
MENDES AM et al. O desafio da atenção primária na saúde indígena no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2018;42:e184.