A postura reflexiva do jovem pesquisador em ciências da linguagem
Resumo
Trata-se, neste trabalho, de promover a reflexão necessária sobre a atividade científica no âmbito da formação do jovem pesquisador, em particular aquele que se interessa pelos problemas colocados pelas ciências voltadas para o funcionamento e a construção do sentido da/na linguagem. Assume-se, desse modo, que o tratamento de um objeto de pesquisa requer, além do aprofundamento teórico e dos métodos próprios à análise do corpus, uma verdadeira postura reflexiva sobre o fazer científico. Muitas vezes tratada como uma questão secundária, a postura reflexiva constitui, entretanto, uma etapa central para o bom andamento dos trabalhos de pesquisa, em quaisquer ciências. Nas ditas ciências da linguagem, a exemplo da análise do discurso ou das abordagens para o ensino e a aprendizagem de gêneros do discurso, que constituem o foco deste trabalho, verifica-se que a apropriação das aparelhagens teóricas apresenta-se menos como um processo dedutivo do que indutivo, isto é, não basta “aplicar” um modelo disponível previamente ao(s) problema(s) levantado(s) pelo objeto. De modo inverso, o objeto propriamente dito requer do pesquisador uma contextualização científica, o que já configura uma imersão em questões relativas à reflexão sobre o que se faz quando se faz ciência: a distinção entre conceito x noção, a constituição do corpus, o quadro epistemológico, as conjunturas históricas, políticas e sociais envolvidas e o ecletismo teórico. A título de ilustração, relataremos as dificuldades encontradas por duas pesquisas de iniciação científica sob nossa orientação no curso de Letras da UEMS de Campo Grande.
Palavras-chave: fazer científico; iniciação à pesquisa; ciências da linguagem.