O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM BUSCA DA FORMAÇÃO HUMANA

Autores

  • Renato Marracini Neto UFGD

Resumo

o professor de Educação Física em busca da formação humana

Autor: Renato Marracini Neto[1]

re_marracini@hotmail.com

Co-autora: Drª Rosemeire Messa de Souza Nogueira[2]

rosemeirenogueira@ufgd.edu.br

 

Resumo: Este estudo apresenta uma temática abordada no Curso de pós-graduação - Especialização em Educação Física Escolar, da Universidade Federal da Grande Dourados, que colocou em foco o trabalho do professor de Educação Física. O objetivo define-se em refletir sobre a formação do professor de Educação Física e seu papel na EFE (Educação Física Escolar), na busca de uma formação humana que possa combater a concepção mercadológica vigente na sociedade atual. Os procedimentos metodológicos estão pautados em estudos bibliográficos, de modo que os autores estudados possibilitam compreender que o trabalho do professor de forma geral compõe-se da relação educativa entre o professor e o aluno. Uma relação mediada por um conhecimento que precisa estar centrado na busca de formar o ser humano, como aquele que se preocupa com o outro de forma solidária. Segundo Anastasiou (2004, p. 46) “a docência é uma atividade livre, uma associação cooperativa entre professores e alunos”. Essa concepção de trabalho docente requer que o professor passe por um processo de formação inicial e continuada voltada para estudos com base filosófica. Escritores como Tardif e Lessard (2005) podem auxiliar o professor a compreender a sociedade atual e o seu modo de produção capitalista. Nessa sociedade, o homem é utilizado para beneficiar a lógica do mercado, do consumo de mercadorias. O estudo em autores como Costa (2005), Lopes (1999), Sadi (2005) e Taffarel e Santos Jr (2010) podem contribuir para a formação do professor, na construção de uma pedagogia que privilegia a formação humana, no sentido oposto da concepção mercadológica. Porém, no Brasil, o trabalho do professor de Educação Física  em sua história sofreu muitas alterações. Moldada em uma visão higienista no período de 1889 a 1930, passando por influências militarista entre os anos de 1930 a 1945, pedagogicista (1945 – 1964), esportivista e recreacionista após o ano de 1964, no interior da ditadura militar, a Educação Física viveu seu momento de questionamento no pós-regime militar. Os movimentos sociais ocorridos nesse momento contribuíram para esses questionamentos também na área da Educação Física. Essa efervescência de pensamentos e ações propiciou uma quebra inicialmente no discurso, que questionou a excessiva valorização do rendimento como objetivo primordial da Educação Física Escolar (EFE). Apesar disso, Sadi (2005) mostra que hoje, na realidade da vida social, constata-se o declínio da EFE desde a década de 1990. O autor afirma que a Educação Física na escola torna-se cada vez mais frágil, enquanto que e a aposta consumista se fortalece. Esta acontece nos espaços de atividades físicas de consumo, assim, as chamadas escolinhas esportivas e academias atendem à demanda de mercado, fortalecendo os valores presentes no modo de produção capitalista, tais como a competição que gera a desigualdade e o individualismo entre as pessoas. Taffarel e Santos Jr. (2010) apontam que existe por trás da aposta consumista o neotecnicismo. Esta concepção enfatiza de forma pragmática a preparação para o trabalho, tendo como foco as novas tecnologias do trabalho e a flexibilização das relações de trabalho que exigem um sujeito que se adapte rapidamente às novas exigências tecnológicas e as relações de trabalho. Diante disso, há dificuldade em encontrar profissionais que invistam em  capacidades fundamentalmente de caráter intelectual em sua vida pessoal, pois acreditam estar  desperdiçando o tempo com a Educação Física Escolar. Durante nossos estudos compreendemos que o declínio da EFE se dá num movimento inversamente proporcional á valorização da Educação Física não escolar. Sadi (2005) analisa que essa valorização encontra dentre os defensores, o próprio Conselho Federal de Educação Física – CONFEF e suas ramificações (os Conselhos Regionais). Assim, o sistema CONFEF/CREFs está a serviço da sociedade de consumo, uma vez que sua única preocupação é a prática dentro de academias, clubes, associações e outros locais, de modo a atender à lógica de mercado. Sadi (2005, p.44) faz uma constatação que faz refletir a respeito do nosso papel e sua importância enquanto agente educador: “o lazer é a recompensa e espaço de consumo na ótica do Capital, para o qual o consumidor não precisa ser educado (muito menos criticamente); o consumidor precisa ser seduzido”.  Portanto, apresentamos como resultado do estudo nesse pôster, a concepção de que o professor em seu trabalho precisa superar a concepção que coloca o homem a mercê do consumismo.  Com base em Tafarel e Santos Jr.  (2010), podemos pensar que o trabalho educacional precisa ser a coluna vertebral da escola, a fim de criar mecanismos críticos que auxiliem os alunos, para que estes possam se constituir como pessoas mais interessadas em seu desenvolvimento físico, intelectual, afetivo, político e social. De forma que durante a vivência nas aulas  de Educação Física e na relação com o professor dessa área, possam se interessar pelos atos de solidariedade, respeito pelo outro, análises críticas sobre as ações consumistas que, muitas vezes, são prejudiciais ao adequado desenvolvimento corporal.

 

Palavras-chaves: Formação do professor; Educação Física Escolar; Formação Humana

 

 

REFERÊNCIAS

 

ANASTASIOU, Léa das Graças Da visão de ciência à organização curricular. In: ANASTASIOU, Léa das Graças e ALVES, Leonir Pessate (Orgs.). Processos de Ensinagem na Universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Jinville, SC: UNIVILLE, 2004.

COSTA, Marisa Vorraber. Currículo e política cultural. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). O currículo nos limites do contemporâneo. 4 ed. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2005.

SADI, Renato Sampaio. Manuscritos histórico-filosóficos de Educação Física: entre a cultura corporal/esportiva e a atividade prática do ser social. In:  SADI, Renato Sampaio. Educação Física, trabalho e profissão. Campinas, SP: Editora Komedi, 2005.

TAFFAREL, Celi N. Z.  e SANTOS JÚNIOR, Claudio. Formação humana e formação de professores de Educação Física: para além da falsa dicotomia licenciatura X bacharelado. In: TERRA, Dinah Vasconcellos e SOUZA JÚNIOR, Marcílio (Orgs.). Formação em Educação Física e ciências do esporte: políticas e cotidiano. São Paulo: Aderaldo e Rothschild. Goiânia: GO: CBCE, 2010.

TARDIF, Maurice e LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Trad. João Batista Kreuch. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.


[1] Discente da Pós-Graduação em Especialização em Educação Física Escolar da Faculdade de Educação /UFGD.

[2] Docente Faculdade de Educação/UFGD. Líder do GEINFAN (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Educação Infantil e a Infância.

Publicado

2015-10-27

Como Citar

Marracini Neto, R. (2015). O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM BUSCA DA FORMAÇÃO HUMANA. ANAIS DO ENIC, 1(4). Recuperado de https://anaisonline.uems.br/index.php/enic/article/view/1821

Edição

Seção

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS