A ÁFRICA NO ENSINO MÉDIO

Autores

  • GABRIELLE SANTOS OLIVEIRA UEMS
  • luana gabrielle oliveira uems

Resumo

O surgimento do preconceito em bases da antiguidade greco-romana, não era de base racial, devido ao fato de não existir divisões e hierarquias raciais naquela época; mas sim um preconceito de base cultural: o preconceito pelo ser escravo, que era em sua grande maioria branca. Assim diz Snowden (1995) mostrando que este era um preconceito social e não racial de fato.O que pode se dizer para o seguimento de uma linha de raciocínio, é que o fato de o preconceito ser um problema atual não significa que este não seja antigo. Contudo me atrevo a dizer que por mais remotas que a antiguidade greco-romana seja até os dias atuais durante este período a conceituação humana está muito diversificada. Por assim dizer o preconceito, o racismo, a negritude afro-brasileira esta mais presente que a hipocrisia humana.

            Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística existem cinco definições usadas para definir o povo brasileiro, em oficial usa-se o nome preto para denominar essa cor/raça. Raça tem por definição um grupo ou categoria de pessoas conectadas por uma origem comum. A palavra entrou para a língua inglesa no começo do século XVI; desde então até o começo do século XIX, foi usada principalmente para se referir a características comuns apresentadas em virtude de uma mesma ascendência. Alguns grupos defenderam a substituição do termo “raça” por “grupo étnico”.  Os grupos étnicos prosperam em tempos adversos, e muito frequentemente existem relações entre um grupo considerado “raça” distinta pela população dominante e o grupo que se considera um povo unificado, que compartilha uma experiência comum. O termo “raça” refere-se aos atributos dados a um determinado grupo; grupo étnico refere-se à resposta criativa de um povo que, de alguma maneira, se sente marginalizado pela sociedade.

 Desde o inicio do século XIX, a palavra (raça) foi usada em outros sentidos. Nos países de língua inglesa, o termo “raça” é amplamente usado como construção social. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma pessoa de, digamos, um oitavo de ancestralidade africana e sete oitavos de europeia pode descrever a si mesma como negra e ser descrita assim pelos outros. Essa designação segue uma regra social e não zoológica. Na maioria dos outros países assim como no Brasil, tal pessoa não seria descrita como negra. Na França (e em alguns países de língua não-inglesa) a expressão em inglês “relações raciais” é considerada mal formulada quando não racista. Ainda assim não seria difícil de deter o uso de “raça” como construção social e substitui-lo por referencias à etnia.

 As diversidades físicas atraem a atenção das pessoas tão prontamente que elas nem percebem que a validade da raça como conceito depende do seu emprego numa explicação. As pessoas elaboram crenças a respeito da raça, assim como a respeito de nacionalidade, etnia classe, numa tentativa de cultivar identidades grupais. As mudanças no uso da palavra “raça” refletem as mudanças na compreensão popular das causas das diversidades físicas e culturais. O termo “raça” passou a ser usado no sentido de tipo, designando espécies de seres humanos distintos, tanto pela constituição física quanto pela capacidade mental. Essa concepção sobreviveu até os dias de hoje e forma a essência das doutrinas frequentemente designadas como “racismo cientifico”.

            Como uma forma de manter protegidos os direitos de uma raça contra o racialismo (ou discriminação racial) a expressão ativa ou comportamental do racismo, existe a Lei Internacional de Discriminação Racial. A definição aceita de discriminação racial é aquela que se encontra na Convenção Internacional para a eliminação de todas as formas de discriminação racial, artigo 1 (1):

 “Qualquer distinção, exclusão, restrição ou favorecimento baseado em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica com o proposito de efetuar, anular ou diminuir o reconhecimento, deleite ou exercício, em termos iguais de direitos humanos e liberdades no campo politico, econômico, social, cultural ou qualquer outro da vida pública.”

 

            Essa definição especifica (i) a proibição de um motivo para as ações (“baseados em raça” etc.), (ii) quatro classes de pessoas protegidas (aquelas diferenciadas por raça etc.) e (iii) uma esfera na qual as proteções devem operar na vida pública.

            A definição internacional é inspirada num conceito dos direitos humanos como os direitos humanos como os direitos de todas as pessoas, que está acima do estado e que deve ser por ele respeitado. A definição dos Estados Unidos deriva do conceito de cidadania da Constituição de 1789. A lei britânica tem como eixo um estatuto aprovado pelo parlamento como o legislador.

            As relações raciais brasileiras tem por principal característica as relações entre povos de descendência indígena, europeia e africana. Uma ampla procriação entre eles, em particular durante o período da escravidão, criou um continuo de fenótipos, descritos por uma elaborada nomenclatura de termos raciais. É notável, contudo, a ausência, na sociedade brasileira, de grupos raciais distintos e conscientes. Ninguém é capaz de dizer onde termina o “branco” e começa o “negro”. As descrições raciais de individuais variam, na verdade, de região para região, de situação para situação e de acordo com critérios socioeconômico, bem como do fenótipo. No Brasil como um todo, talvez 40% da população tenha ascendência parcial africana e possa ser classificada como “negra”, nos Estados Unidos, por exemplo. No Nordeste do Brasil – o centro da economia da plantação de cana-de-açúcar e, consequentemente, da escravidão nos séculos XVI a XIX –, por volta de 70 a 90% da população têm diferentes ascendências africanas.

            Muito se falou a respeito do quão tolerância o Brasil é um termos raciais. A escravidão brasileira foi descrita como tendo sido mais humana que a dos Estados Unidos ou a britânico-caribenha, e a Igreja católica, como amenizadora da severidade dos senhores. É possível que os portugueses tenham sido realmente menos racistas e mais tolerantes em suas relações com os negros, criando assim uma sociedade menos rígida, sem divisões de castas tão definidas quanto as impostas pelos britânicos e norte-americanos em suas colônias de escravos. Em consequência disso, a emancipação foi mais frequente e os libertos foram provavelmente “mais livres” do que seus correlatos no Sul dos Estados Unidos, por exemplo. Por outro lado, o tratamento físico dispensado aos escravos brasileiros foi indubitavelmente inferior ao dispensado aos escravos nos Estados Unidos. Os índices de mortalidade eram extremamente altos, em especial nas minas, que, depois das plantações de cana-de-açúcar, eram o principal destino dos escravos brasileiros.

            Com certeza, a classe e a raça se sobrepõem em alguma medida, mas não há barreiras institucionais que impeçam a ascendência dos negros. Os casamentos entre os extremos do espectro de cores são frequentes, mas não entre fenótipos adjacentes. A raça, ou melhor, o fenótipo, é definitivamente um componente de status e do atrativo pessoal, mas não é, com frequência, a mais importante. Em muitas situações pesa a classe social. Na verdade, as relações raciais em termos de trabalho são relativamente livres e desinibidas quando comparadas às dos Estados Unidos, por exemplo, e a segregação residencial e escolar baseia-se quase inteiramente na classe social e não na raça.

            É necessário que se entenda que o preconceito racial brasileiro se recai nos traços do individuo e não em sua ancestralidade, uma vez que o Brasil é um país miscigenado. Apesar do Brasil se mostrar um país miscigenado, a base do sistema ainda é a hierarquia social que leva em conta critérios como classe social, educação formal e origem familiar, fazendo assim o preconceito de cor. Para quebrar de preconceitos e marca do negro no Brasil foram criadas a Frente Negra Brasileira em 1931 e o Movimento Negro Unificado (MN) na década de 70. Como comprovação atual do racismo subjugado no Brasil Ferreira (2009) faz uma citação ao grande mestre Nelson Rodrigues na interface de seu livro:

 “Não caçamos pretos, no meio da rua a pauladas, como nos Estados Unidos. Mas fazemos o que talvez seja pior. A vida do preto brasileiro é toda tecida de humilhações. Nós tratamos com cordialidade que é o disfarce pusilânime de um desprezo que fermenta em nós, dia e noite.” (FERREIRA, 2009)

 

            Assim podemos concluir que o preconceito no Brasil não é em fator da raça negra e de sua ancestralidade africana, o preconceito racial brasileiro gira em torno de características fenotípicas, pela cor da pele ou características corporais do individuo.

 

O Adolescente Negro No Ensino Médio Da Rede Estadual

            A situação que foi descrita logo acima reforça o que acontece no ensino médio de pelo menos duas escolas da rede estadual do Dourados em Mato Grosso do Sul,  onde foram avaliados 10 jovens de cada escola.

 

 

 

 

Biografia do Autor

GABRIELLE SANTOS OLIVEIRA, UEMS

Este projeto tem como objetivo principal notificar e ouvir, alunos afrodescendentes do Ensino Médio das Escolas Estaduais: Presidente Vargas e Rosa Câmara, no Município de Dourados/MS, com o objetivo de pesquisar a existência ou não do preconceito racial e demonstrar e analisar a maneira como o preconceito racial é explicitado no ambiente escolar. Após essa etapa, analisar-se-á o perfil psicológico destes alunos levando em conta outros fatores externos como a classe social, faixa-etária, constituição familiar, religião, entre outros. Os resultados obtidos desta pesquisa fornecerão subsídios aos professores para buscar métodos de conscientização dos alunos sobre o racismo e, automaticamente, sobre a aceitação do outro. Pois, na escola é o lugar primordial para essas discussões ocorram e no quais assuntos e temas polêmicos devem ser tratados. Para tal terá como base os teóricos Alberti e Zamboni, principalmente.

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Publicado

2015-10-27

Como Citar

OLIVEIRA, G. S., & oliveira, luana gabrielle. (2015). A ÁFRICA NO ENSINO MÉDIO. ANAIS DO ENIC, 1(4). Recuperado de https://anaisonline.uems.br/index.php/enic/article/view/1608

Edição

Seção

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS