O uso de medicamentos em transplantados renais: práticas de medicação e representações
Resumo
Nas relações entre os discursos biomédicos e os discursos daqueles que vivem a alteração do seu sistema imunológico, torna-se importante dar voz aos pacientes transplantados renais para que possam expor suas singularidades que estão atreladas ao tratamento imunossupressor. Tem-se como objetivo desta pesquisa conhecer e compreender as práticas de medicação e as representações sobre o uso de medicamentos em transplantados renais. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa descritiva e exploratória, cujos aportes teóricos têm como arcabouço as concepções de práticas de medicação de Peter Conrad, de representação, a partir de Stuart Hall, e de identidade proveniente do campo dos Estudos Culturais. A pesquisa foi realizada no Município de Dourados, MS com 17 pacientes transplantados renais residentes no mesmo. Foi utilizada a entrevista semi-estruturada. Para a análise das entrevistas, aproximamos do referencial teórico de Michel Foucault sobre discurso. Os entrevistados apresentaram idade média de 54,6 anos, sendo 13 do sexo masculino e 4 do sexo feminino; em relação ao transplante apresentaram uma média de tempo de transplante de 8 anos. Os medicamentos predominantemente utilizados foram os imunossupressores, incluindo ainda os medicamentos relacionados às desordens cardiovasculares e metabólicas. Os achados permitiram conhecer os esquemas posológicos e a inserção do medicamento no dia-a-dia do transplantado, bem como compreender suas práticas de medicação e representações. Pode-se estabelecer correlação entre o uso do medicamento e o risco de rejeição ao órgão transplantado, evidenciando a compreensão da importância e do papel central que o medicamento tem na vida destes indivíduos.