FICÇÃO, MEMÓRIA E RESILIÊNCIA EM OLHOS D’ÁGUA, DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Palavras-chave:
Pobreza, violência, racismoResumo
A presente comunicação tem como proposta abordar os contos do livro Olhos d'Água (2015), da escritora afro-brasileira Maria da Conceição Evaristo de Brito. Sobre a autora, podemos afirmar que ela nasceu em Belo Horizonte, em 1946; trabalhou como empregada doméstica, terminou o magistério e, em 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro. Seu primeiro emprego como professora foi em 1973, após prestar concurso público. Mais tarde, em 1987, a autora ingressou na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996). É Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. O livro Olhos d'água é uma coletânea de contos compostos por 15 narrativas. Conceição nos relata nesses relatos a vivência, a experiencia e a resiliência da mulher negra inserida na sociedade brasileira; traz à tona questões de ordem social. O objetivo desta comunicação é apresentar a resiliência de mulheres num espaço-tempo, representados nessas histórias. A metodologia é bibliográfica, primeiramente foi feita a leitura atenta dos contos; em cada conto foi destacado os temas principais, personagens e elementos narrativos recorrentes; foram lidos textos críticos e teóricos relevantes para a análise da obra, focando em conceitos essenciais que serviram para o entendimento dessa literatura. Em uma análise mais aprofundada, podemos destacar que a memória emerge como um aspecto fundamental para a construção da identidade das personagens, conectando-as com seus ancestrais e suas próprias vivências. Através da escrita de Conceição Evaristo, as mazelas do racismo estrutural são confrontadas, revelando as tensões sociais e pessoais que ele provoca. Os contos destacam a força das personagens para superar os desafios impostos pela pobreza, racismo estrutural e violência, construindo suas vidas apesar das adversidades. A narrativa de Evaristo se entrelaça com a realidade social de várias mulheres negras em nosso país, mostrando que as histórias contadas são representativas de pessoas reais que vivem à margem de uma sociedade racista e cruel. Destacamos também que os contos do livro retratam com muita sensibilidade a realidade de mulheres, em especial as mulheres negras que vivem em uma sociedade desigual e mostra a dificuldades que todas enfrentam no dia a dia. Por fim, podemos concluir que a obra revela a complexa teia de resiliência tecida pelas mulheres negras ao longo do espaço-tempo das narrativas. A autora, com sua escrita sensível e incisiva, expõe as camadas de violência que permeiam a vida dessas mulheres, desde a violência física e emocional até a violência simbólica que sustenta o racismo estrutural. Essas narrativas não apenas mostram a brutalidade da pobreza e da marginalização, mas também revelam as tensões contínuas provocadas pelo racismo estrutural. A autora nos desafia a reconhecer a urgência de medidas que combatam as injustiças sociais e promovam uma sociedade mais justa, onde as histórias de dor possam, enfim, dar lugar a histórias de dignidade, igualdade e respeito.
Referências
Sem referências.