A AUTONOMIA DA CRIANÇA NOS ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR PARA O SINGULAR

Resumo

A educação infantil é o ambiente no qual ocorre o processo de inserção da criança no contexto educacional pela primeira vez, o que torna este espaço repleto de características particulares, levando-se em consideração a gama de diversidades que o engloba. A criança é inserida num ambiente onde geralmente as regras são determinadas pelos adultos, que se tornam responsáveis pela adoção das vertentes pedagógicas que darão forma ao processo educativo e formativo das crianças. Ou seja, ao entrar na escola, a criança geralmente encontra um mundo pronto, que se tornará parte significativa de sua formação nos primeiros anos de vida. A presente discussão direciona um olhar para a educação infantil, pois neste espaço a criança realizará seu primeiro contato com o contexto educacional. A proposta objetivou realizar uma breve reflexão sobre o papel central das crianças enquanto sujeitos do processo educativo no contexto da educação infantil, a partir das atividades realizadas durante o estágio.Utilizou-se do relato de experiência durante a realização do Estágio Curricular Obrigatório numa Escola Municipal de Educação Integral no município de Campo Grande, levando-se em consideração a presença e participação das crianças nos diversos espaços, enquanto sujeito ativo do processo pedagógico. O campo empírico permitiu observar o trabalho integrado realizado pela equipe pedagógica, com vistas a assegurar a centralidade da criança no processo educativo, bem como no esforço em adequar o currículo com a realidade das crianças que compõem aquele espaço, respeitando as normativas da Rede Municipal de Educação, as quais se aplicam em todo o município. Durante as atividades, as crianças apresentaram autonomia diante das propostas apresentadas. A realização de uma sequência didática consistente em cinco atividades interligadas, tornou possível identificar forte protagonismo através da escolha do direcionamento destas atividades por cada criança de forma individual, atendendo aos seus limites e necessidades. Como sujeito ativo deste processo, percebeu-se que cada criança se sentiu livre para manifestar sua criatividade e independência, sem desconectar-se do grupo.Considerando que a criança deve ser entendida como sujeito de direitos e respeitada em sua vivência, a educação infantil desponta como um espaço de extrema importância na inserção de novos atores na vida social da criança, rompendo com o círculo familiar mais próximo e promovendo a sua emancipação social. Atualmente, os desafios da educação infantil apresentam-se principalmente na necessidade de propostas que considerem a autonomia das crianças na formulação dos currículos de cada instituição de maneira singular, de forma a respeitar suas individualidades. Verifica-se a importância de uma nova ressignificação do currículo, ampliando-se o seu aspecto característico, de forma a incluir as relações e o espaço em que se dá a prática educativa no interior de cada instituição, permitindo a formulação de propostas que se voltem para a realidade das crianças, aqui consideradas como os principais atores envolvidos nesta prática. Trata-se de um desafio, tendo em vista que as propostas curriculares são elaboradas de forma homogênea, o que dificulta incluir as inúmeras peculiaridades presentes na instituição escolar, o que torna necessário a elaboração de propostas que considerem as crianças e sua autonomia enquanto sujeito de direitos na construção dos currículos das instituições.